domingo, 25 de agosto de 2013

Saiba mais

O músico Sérgio Reis, quando disse naquela famosa música que panela velha é que faz comida boa, poderia muito bem se referir à panela de barro. Povos antigos como os indigenas e africanos, além de grandes civilizações como os maias, têm registros do uso da panela feita com uma base simples de terra molhada moldada e assada no forno. O fato de não passar o gosto para os alimentos e os conservar quente e frescos por mais tempo era um dos grandes méritos do utensílio de barro que era usado também para outros itens da cozinha como colheres, filtros, cumbucas e travessas.

Fabricação

Mesmo em tempos de refinados designers e alta tecnologia, a panela ainda é fabricada do modo tradicional. A massa da mistura de argila, terra e água é moldada numa máquina e é manualmente que os ajustes de rebarba e sobras são feitos, dando aquele toque especial nos contornos. O torno ainda precisa de um artesão habilidoso para a massa não virar só um amontoado de barro e virar uma panela ou utensílio de cozinha. Em média, alguém com bastante experiência na moldagem leva menos de 5 minutos para dar forma a uma tradicional panela de barro. Depois de moldadas elas vão para o forno de lenha e ficam por volta de 40 horas já ganhando aquele brilho natural. Após esfriar ainda ganham um banho de esmalte. Depois ainda passam por um processo de um túnel de calor por 18 horas para definitivamente evitar rachaduras e dar mais durabilidade, para a peça ser resistente nas chamas por longos anos.

São as melhores para a saúde
Quando os mais velhos dizem que as panelas de barro e ferro são as melhores para a saúde, não é exagero. As panelas mais modernas feitas com revestimento antiaderente e alumínio vão com o tempo de uso transferindo esse material para a comida, causando problemas no sistema nervoso ou até provocando cefaléia e anemia. As panelas de barro com menos de 20 anos já entram nesse processo de banho de esmalte e são mais seguras e não contém chumbo, o que as mais antigas feitas sem o tratamento químico geralmente tinham.


Cuidados e conservação
É aconselhável ao comprador das panelas de barro fazer uma outra queima antes de utilizá-las na cozinha. Para isso, deve-se colocar dentro da panela 2 colheres de óleo de cozinha, de preferência óleo de oliva, levando-a em contato com o fogo. O óleo queimará e, quando a fumaça começar a ficar preta, o fogo deve ser apagado. Tudo isso para que os materiais usados na confecção das panelas não interfiram no sabor da comida.

Comidas típicas


Todas as comidas de fazenda, geralmente cozidas nos fogões a lenha como o arroz, feijão e carnes eram feitas com a panela de barro. Ela é mais indicada também para comidas que têm bastante molho ou líquidos como as feijoadas. Demora mais tempo para o preparo, mas todos concordam no final que o sabor compensa a espera. A galinhada feita no Paraná e o vatapá dos baianos geralmente são melhores quando feitos em fogo de lenha e panela de barro.
Alguns práticos típicos da capital do Espírito Santo herdaram alguns costumes dos europeus que habitaram Vitória nos tempos mais antigos. É graças às paneleiras de Goiabeiras, uma região da ilha de Vitória, que a panela de barro firmou-se como um dos símbolos da cultura popular. Vem dos italianos o costume de fazer polentas e sopas em panelas mais tradicionais. Mais o mais conhecido e amado pelos capixabas é a tradicional moqueca e a caranguejada. Outra iguaria local é a torta capixaba, uma mistura de frutos do mar como siri, camarão, ostra e bacalhau que é normalmente servida na Semana Santa.
Alguns dos restaurantes ainda usam o fogo tradicional ou aderiram para o forno e fogão movido à lenha para perpetuar esse jeitão de fazer comida com gosto de caseira. Seja nas cozinhas das casas ou nas industriais o que a panela conserva mesmo é a receita simples e o talento de quem opera o fogão.

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